Um post sobre lembranças

13:59




Essa não vai ser a última vez que eu escrevo sobre nós. Muito menos a primeira. Ainda me lembro de como eu costumava ter as palavras soltas pra te cantar. Pra te dedilhar.Pra te mostrar o quanto você era importante,até mesmo no meu vocabulário.
Lembro,lembro,lembro. Não passa muito disso,não é? Não parece passar.
Mantenho o pensamento subjetivo sobre tudo o que aconteceu. Mas "e se"? E se sim? E se não? E se eu? Sempre a dúvida. Sempre o indeterminado. Sempre o não terminado.
Seria pensar demais dizer que eu imagino diálogos pra nós,diálogos em que você não ande até a porta e a bata com força sem olhar para trás? É pensar demais deduzir que tudo,absolutamente tudo teria sido diferente,se eu trocasse uma palavra por outra? Um "adeus" por um "perdão"?
Mas não.Eu não troquei. Eu não o fiz. E não deveria ter feito. Não era o certo,por mais que a dor e a saudade queiram que eu entenda isso agora. Você fez o que fez,e eu fiz o que fiz.
Então,tudo está resolvido. Nós queimamos nossas fotos,abaixamos nossos olhos frente a frente,engolimos nossas lembranças e excluímos nosso círculo social. Esse é o protocolo,não? Fingir que nada aconteceu. Seguir. Apertar o botão de "acabou".
Como se tudo fosse tão simples! Como se eu não sentisse toda a dor da sua partida ainda fresca em minha memória. Como se eu não me culpasse sem culpa alguma,ou talvez me arrependesse pela minha própria raiva. Talvez eu seja a única nessa relação que enxergou algo que não tinha. Essa é a resposta exata para a pergunta do porquê você está vivendo,enquanto eu estou suportando.
Mas está tudo bem. Pessoas se apaixonam e desapaixonam na mesma velocidade. Isso não é um defeito. É uma consequência. De tudo. Da vida. De nós.
Nós.Que pronome profundo. A junção de um eu com um tu,ainda que essa junção não exista mais. O nós permanece. Não vou mentir e dizer que quando ouço essa palavra não penso em você. Penso tanto que poderia te patentear com ela. Mas não posso,simplesmente porque você não é mais meu,e esse papel já não me cabe.
Mesmo se eu ainda sentir o seu perfume só de longe,se eu ainda lembrar da tua boca contraída todas as vezes que você tentava não rir. Ou de quando o fazia,e o seu corpo agia de acordo com a intensidade da risada. Lembrar de quando você cantava imitando profissionalmente o respectivo cantor. Ou lembrar das suas promessas,e dos seus olhos que brilhavam todas a vezes que falávamos sobre o futuro.
Você me fazia rir. Me fazia feliz. E me fazia muito triste também. A verdade é que você era uma avalanche,grande e impactante, que me atingiu em cheio enquanto eu sorria e abria meus braços conscientemente. O único problema é que no fim,você simplesmente se descongelou,no seu tempo. E eu permaneci imóvel,mesmo depois de você já ter ido,com sequelas do impacto que nunca cessaram. Que não se quer pararam de doer dia após dia em que eu te via sorrir,mas sabia que o motivo não era mais eu.
Acho que a grande verdade que todos temos que engolir é que simples e perfeitamente tudo afeta tudo. Só o que nos resta é decidir se deixar afetar ou não.

You Might Also Like

0 comentários